Conflito em Catatumbo afeta a igreja na Colômbia
- 27/02/2025
A crise humanitária em Catatumbo começou há mais de um mês e continua a piorar à medida que dissidentes das FARC e do Exército de Libertação Nacional (ELN) lutam pelo controle das rotas de tráfico de drogas. Em meio a esse caos, a Igreja está levantando sua voz, clamando por paz e proteção para os mais vulneráveis.
Parceiros locais da Portas Abertas se encontraram na semana passada com a igreja na região para entender a situação atual e orar por eles. A região do conflito fica no Norte da Colômbia, na fronteira com a Venezuela. A luta pelo controle das rotas de tráfico de drogas e pela dominação territorial levou a ameaças generalizadas, assassinatos, deslocamentos em massa e severas restrições à população.
Conforme o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), mais de 80.600 pessoas foram afetadas pela violência. Destas, aproximadamente 52.300 foram forçadas a fugir de suas casas, 19.000 enfrentam restrições de mobilidade dentro de seus territórios e 8.668 estão sob confinamento forçado.
Maior Deslocamento da História
“A violência em Catatumbo gerou o maior deslocamento em massa desde que começamos a manter registros na Colômbia. As comunidades estão confinadas, com mobilidade restrita e acesso limitado a alimentos, cuidados médicos e ajuda humanitária”, conta Mireille Girard, representante do ACNUR na Colômbia.
A gravidade da crise levou o presidente Gustavo Petro a declarar Estado de Comoção Nacional em 24 de janeiro – uma medida legal excepcional não invocada há mais de uma década. Esta declaração concede a ele poderes extraordinários para emitir medidas legislativas e restaurar a ordem por um período inicial de 90 dias.
“O medo é constante. Sentimo-nos completamente vulneráveis”, compartilha Josué*, um pastor que serve na região há mais de uma década. A ameaça de retaliação é tão severa que muitos pastores evitam falar ou pedem que seus testemunhos não sejam gravados, pois qualquer comentário vazado pode resultar em uma sentença de morte.
Múltipla Formas de Perseguição
Apesar desses medos, pastores e líderes cristãos relatam múltiplas formas de perseguição, incluindo restrições de mobilidade, proibição de atividades evangelísticas, fechamento de igrejas, ameaças diretas e a apreensão de templos por grupos armados para uso como bases operacionais.
Pablito*, outro cristão em Catatumbo, relatou que seus pastores foram ameaçados por um líder local ligado a um grupo criminoso. “Eles os forçaram a fechar a igreja e proibiram os cultos porque já haviam prendido outro pastor acusado de ajudar o grupo opositor”, disse ele.
Giovanny* e Camen*, um casal missionário, também foram impactados. Eles estavam realizando esforços evangelísticos e pregando em várias comunidades indígenas ao longo da fronteira com a Venezuela, até que um comandante os parou e avisou que, se continuassem, a abordagem seria diferente, uma ameaça que poderia variar de agressão à morte.
*Nomes alterados por motivo de segurança
Fonte: NT Gospel.